Enquanto parte do mundo está dividido perante o novo disco de Bob Dylan, "Tempest", há um álbum maior que sai na mesma altura vindo de um dos seus assumidos descendentes: "Privateering" de Mark Knopfler - ouça na íntegra.
O ex-líder dos Dire Straits é provavelmente o mais americano dos músicos ingleses. Quase um redneck frente aos tempos rockers da sua antiga banda, Mark Knopfler optou, por a solo, preferir a sonoridade americana mais próxima das raízes. E este álbum duplo, "Privateering", deveria dar-lhe legitimidade para reclamar cidadania norte-americana, mesmo que não tenha nascido ou não viva nas terras de Tio Sam. São razões estritamente musicais.
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Há também ecos da folk britânica em 'Haul Away' ou, num daqueles temas maiores que tudo, 'Kingdom of Gold' - com arsenal típico composto por violino, acordeão ou flauta. E ouvem-se híbridos anglo-americanos como 'Yon Two Crows'. Só em 'Go, Love', o fã de Dire Straits mais zeloso encontra matéria mais reconhecível da sua banda eleita: uma rockalhada comedida com um arrastamento semelhante a 'So Far Away'.
Mark Knopfler vive entrincheirado, entre a incompreensão dos fãs do seu ex-grupo e o desprezo do seu potencial público de americana que se afasta do disco não pelo som, mas pelo nome do autor que vem na lombada: «o chatarrão dos Dire Straits». Seria um desperdício o preconceito afugentar público de um álbum tão grandioso como este.
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