A memória perdida
* Aluizio PalmarNaquele início do verão de 85, Saulo Martinho Brasil fazia de volta o mesmo caminho que o trouxera de Florianópolis há 15 anos. Embarcou no bagageiro do ônibus cinco caixas contendo parte da memória de Foz. Eram fotografias e documentos recolhidos das famílias pioneiras e em suas andanças pelos órgãos públicos.
Fotógrafo de profissão, como qualquer outro profissional da área, Saulo trabalhou em seus primeiros anos na cidade, tirando retratos dos pontos turísticos e cobrindo os eventos. Com o passar do tempo descobriu que os dados históricos de Foz do Iguaçu estavam dispersos e que sua sistematização poderia ser um bom negócio.
Desembaraçado e bem-falante, Saulo Brasil não encontrou dificuldade em sua tarefa de juntar fotografias e todo documento que pudesse ser útil no futuro. Na medida que pesquisava ia depositando numa caixa de papelão tudo que encontrava pela frente, desde fotos que o tempo havia amarelado até alguns livros raros e documentos diversos. Aos poucos foi reconstruindo a história da cidade.
“Um dia esse material vai ter muito valor” – costumava dizer exibindo uma de suas raridades, um livro caixa da prefeitura de 1924, quando o prefeito era Jorge Sanwais. Neste livro, com as anotações feitas com caneta tinteiro, estavam registrados os pagamentos das taxas e tributos municipais que os pioneiros faziam com galinhas e porcos.
Outra preciosidade que Saulo Brasil resgatou em suas pesquisas foi o livro de Silveira Neto, “Do Guayra aos Saltos do Iguassú”, impresso em 1914, pela Tipografia do Diário Oficial do Paraná.